quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Luiz Gonzaga é um mestre da música. Foi ele quem abriu as portas da música nordestina para o centro-sul do país. Estilizou e recriou a riqueza musical nordestina e popularizou gêneros regionais, como toada, aboio, xote, chamego e xaxado. Na década de 1940, com o rádio como principal meio de difusão cultural do país, a música de Gonzaga virou um fenômeno em todo o Brasil. Sua obra é marcada pela inventividade, originalidade e qualidade do repertório. Asa branca, por exemplo, é ainda hoje cantada em todos os cantos do país, fazendo parte do imaginário popular. Esse choro regional foi cantado por Gonzaga e outros cantores de renome. O tema é a seca no Nordeste do Brasil. Não é novidade para ninguém que as sucessivas secas no Nordeste foram responsáveis por um forte movimento migratório dessa região para o Sudeste do país (mas não só para o Sudeste), a região que assumiu a “pole position” no processo industrial, ficando as demais estacionadas no “grid” de largada por falta de combustível.
A canção Asa Branca se insere nesse contexto e discorre sobre a migração forçada dessa ave e de um rapaz que deixa seu amor no Nordeste. Ele prometeu que, quando as chuvas esverdearem a região, ele voltaria para os olhos verdes da moça.
Dessa forma, Asa Branca, assim como outras do próprio Luiz e de outros músicos da região, abordam o tema da “Triste Partida”, uma verdadeira “Canção do Exílio” regional.
Falar sobre o drama das secas e suas consequências para os nordestinos, que se exilavam e se exilam ainda no Susdeste, já constitui um lugar-comum de tanto que o tema foi explorado.

Asa Branca 
Luiz Gonzaga

Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão

Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
 Meu coração.



Asa Branca Toada de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Até hoje, o maior clássico da música nordestina em todos os tempos, com mais de 500 regravações no Brasil e no mundo afora. É também considerado o hino não oficial do Nordeste.

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